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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Memorias do Massacre de Santa Cruz


Dia 12 de Novembro de 2012, Timor relembra um dos acontecimentos mais marcados da sua historia. O Massacre no cemiterio de Santa Cruz em Dili.

Ha 21 anos atras, no dia 12 de Novembro de 1991 um número de estrangeiros chega a Timor Leste para observar a delegação do Parlamento Portugues, incluindo jornalistas independentes dos Estados Unidos da America, Amy Goodman e Allan Nairn , camera man e britânico Max Stahl e NewZealand Kamal Bamadhaj estudante de ciencias politicas.

Eles participaram no serviço memorial para Sebastiao Gomes um jovem timorense morto por elementos ligados às forças indonésias a 28 de Outubro de 1991, durante a qual a população (cerca de 3 milhares de pessoas) caminharam desde a Igreja de Motael até ao cemitério  de Santa Cruz na capital de Timor Leste em Dili . 


foto cortesia SapoTL
Ao longo do caminho, os jovens içaram faixas de protesto e bandeiras de Timor-Leste, Organizaçoes Activistas Pro Independencia, gritando palavras de ordem. 

Os organizadores do protesto mantiveram a ordem durante o mesmo, embora tenha sido uma manifestação de alto numero de participantes, a multidão era pacífica e ordenada. Foi a maior demonstração e a mais visível contra a ocupação Indonésia desde 1975. As tropas da Indonesia queriam dar fim a manifestaçao repentina... mas sem sucesso os confrontos iniciaram .

No cemitério de Santa Cruz os jovens viram-se rodeados pelas forças da Indonesia e foram atacados com tiroteios. O exército indonésio abriu fogo sobre a população, matando e aterrorizando quem quer que fosse sem qualquer diferenciação de sexo ou idade com um unico objectivo "Calar as Vozes" vozes essas que queriam mostrar ao Mundo que Timor estava em sofrimento durante decadas, vozes essas que mesmo caladas eram sedentas de desejo de paz e direitos humanos que jamais existiram desde a ocupação. Até actualmente, ano de 2012, a localização de muitos corpos ainda é desconhecida. Alguns manifestantes foram presos e só foram libertados em 1999, na altura do referendo. 


foto cortesia SapoTL
Embora não tenha presenciado directamente esta manifestacão... senti a onda de emoções envolventes na alma de cada jovem, o sofrimento e a angustia durante decadas, o que na altura sentiram, a sede e o desejo de voltar a viver, de voltar a respirar, de poder correr, gritar e opinar ao mundo que sim ... "Sou livre, a minha terra é Livre!". Esta ansia, esta força de vontade de cada um mobilizou mais de 3000 jovens em menos de um dia, a missa para assinalar a morte do Sebastião Gomes (em Outubro por militares indonésios) foi apenas um pretexto.

Diz Constancio Pinto actual Vice Ministro dos Negocios Estrangeiros em entrevista ao Jornal Publico a 11 de Novembro de 2011 "A visita dos parlamentares portugueses tinha sido adiada, mas o protesto avançou. A manifestação de 12 de Novembro precisamente por causa do cancelamento da delegação parlamentar. Se a delegação parlamentar tivesse ido a Timor-Leste, a manifestação teria sido outra." 

A unica oportunidade estava diante deles, apenas a passos. O longo caminho percorrido que parecia não ter fim estava prestes ser alcançado,  os jovem queriam aproveitar a visita da Delegação Parlamentar Portuguesa que estava planeada para o mês de Outubro a fim de protestar a ocupação Indonésia, exigir a responsabilidade de Portugal (nesta exibindo panfletos de descontentamento questionando em Ingles "Portugal, Where is your Responsability?") e despertar o Mundo da Realidade vivida em Timor Leste! O sofrimento, a frustação, o descontentamento sentido na pele de cada um dos jovens da Resistencia exaltando afirmando ainda mais a vontade de Luta. Desistir nunca foi uma opção, pois "Resistir é Vencer", e nós temos direito a viver. Acreditamos nessa certeza com todas as forças do nosso corpo e, mais ainda, com todas as forças da nossa vontade. Viver é um verbo enorme, longo. Acreditamos em todo o seu tamanho, não prescindimos de um único passo do nosso caminho


foto cortesia SapoTL
A Historia de Timor Leste, desde a ocupação indonésia infelizmente não traz recordações afáveis. E incompreensivel o motivo pelo qual houve a necessidade de utilização de força, brutalidade, violencia. Para alem das riquezas da terra, Soeharto (na altura Presidente da Republica da Indonesia) conhecido pela gana, amibição e Conquista Territorial Invadiu Timor Leste  aproveitando a fragilidade numa altura em que Portugal havia abandonado o territorio em 1975 utilizando as suas Forças Militares (07 de Dezembro de 1975). "Não tivemos outra opção senão Lutar e Resistir em 3 frentes: Armada, Clandestina e Diplomatica". E assim foi durante 24 anos.

O Massacre de Santa Cruz abriu os olhos da comunidade internacional, originado acções de solidariedade. A 23 de Janeiro de 1992 Rui Marques e Dr. Jose Ramos Horta organizam a "Missão Paz em Timor - Lusitânia expresso" com finalidade de apoiar a causa de Timor e homenagear as vitimas do Massacre de Santa Cruz. 


foto cortesia SapoTL
A viagem do Lusitânia Expresso a Timor contou com o apoio de várias figuras públicas, nomeadamente o ex-presidente da República de Portugal, General Ramalho Eanes. Mobilizou 120 estudantes, de 23 países, que partiram de Portugal com o objectivo de colocar uma coroa de flores no local do massacre, e, assim atrair a atenção dos media sobre a temática da opressão do povo de Timor-Leste. 

Ao chegar a Darwin a 9 de Março de 1992, após 3 meses de viagem, o ferry foi sobrevoado por aviões militares indonésios e interceptado no dia 11 de Março, à entrada das águas territoriais de Timor, por quatro navios de guerra indonésios. Após lançar flores ao mar, em memória das vitimas, o Lusitânia Expresso foi obrigado a regressar a Portugal.


Embora não atingisse o objectivo de chegar a Dili, a viagem conseguiu mobilizar as atenções da imprensa internacional para a situação dramática em que vivia o povo, contribuindo de certa forma para a retirada da Indonésia e a independência da última colónia Portuguesa.

O acontecimento do Massacre de Santa Cruz é descrito como um dos momentos decisivos e de viragem na luta do Povo de Timor Leste pelo Reconhecimento do seu Direito à Auto-Determinação.



Dalia Kiakilir Agostinho
in Memorias do Massacre de Santa Cruz
Oxford, 12 de Novembro de 2012


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